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Postado dia 16/08/2018 às 12:57:06

Luta contra a Violência no Campo e por Reforma Agrária

O Dia de Luta contra a Violência no Campo e por Reforma Agrária em 12 de agosto de cada ano, é uma comemoração extraoficial de brasileiros, que tem sido apoiada pelo MMC [Movimento de Mulheres Camponesas], e que está oficializada como "Dia do Cortador de Cana" por paulistas, como "Dia de Defesa dos Direitos Sociais" por mato-grossenses e paulistas, como "Dia Estadual da Mulher do Campo" por paraibanos e como "Dia Nacional da Trabalhadora Rural" e "Dia de Luta contra a Violência no Campo e por Reforma Agrária" no Brasil.

 

Tal qual as demais celebrações associadas acima citadas, essa data comemorativa do MMC tem por fim, marcar a data do aniversário da morte da defensora dos direitos humanos e líder sindical brasileira, Margarida Maria Alves, que foi brutalmente assassinada em 12 de agosto de 1983 com um tiro no rosto, desferido por um matador de aluguel com uma escopeta calibre 12, na frente de sua própria casa e diante de seu marido e também de seu filho que então, tinha apenas 10 anos de idade, depois de haver sido a 1ª mulher a lutar pelos direitos trabalhistas no estado brasileiro da Paraíba, durante a ditadura militar brasileira de 1964, enquanto presidente do sindicato de Trabalhadores Rurais da cidade brasileira de Alagoa Grande-PB e fundadora do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural.

O crime foi considerado político e comoveu a opinião pública nacional e internacional, com ampla repercussão em vários organismos políticos de defesa dos direitos humanos no Brasil e no exterior.

No período da sua gestão de 10 anos a frente do Sindicato, Margarida Maria se destacou nas denúncias de injustiças cometidas por latifundiários paraibanos contra trabalhadores da Roça, o que fez com que fossem movidas mais de seiscentas ações trabalhistas contra usineiros e senhores de engenho do interior paraibano.

Desde 1973, quando foi eleita para a presidência do sindicato dos trabalhadores rurais, ela sempre esteve à frente da luta pelos direitos básicos dos trabalhadores rurais de Alagoa Grande, numa batalha constante por carteira de trabalho assinada, 13º salário, jornada de trabalho de 8 horas e férias.

Ela também defendeu bravamente a justiça no campo, os direitos dos trabalhadores e a necessidade de uma reforma agrária, despertando, assim, a ira de muitos dos proprietários rurais da região.

Sua militância como sindicalista rural e sua atuação no sindicato entrou em choque direto com os interesses do proprietário da maior usina de açúcar local (a Usina Tanques), e com os interesses de alguns senhores de engenho, remanescentes do período em que os engenhos dominavam a economia açucareira local e estadual, além dos interesses de fazendeiros não ligados à lavoura da cana.

À época de seu assassinato, Margarida movia mais de cem ações trabalhistas na Justiça do Trabalho local, batendo de frente contra interesses dos usineiros e donos de engenho do lugar.

Esses fatos, considerados inusitados, em função da então incipiente democracia brasileira, geraram grande impacto e indignação na indústria canavieira da região.

no seu último discurso público, proferido 1 dia antes de ela ter sido assassinada, Margarida disse que era "melhor morrer na luta do que morrer de fome", e esse seu mote ficou registrado numa gravação de fita cassete, testemunhando o momento em que ela falava das ameaças que vinha recebendo e das Rrecomendações" para que ela "parasse de criar caso".

O assassinato de Margarida continua impune. Dos 5 acusados, todos ligados ao chamado "Grupo Várzea", que se julgavam atingidos por suas constantes denúncias, apenas dois foram julgados e absolvidos.

Dos outros 3 acusados, um morreu e 2 estão foragidos. O proprietário da Usina Tanques e líder do "Grupo Várzea" foi acusado de ser o mandantes do atentado contra a sindicalista, juntamente com o seu genro, então gerente da usina.

Após sua morte, Margarida tornou-se um símbolo político e representativo da luta das mulheres trabalhadoras rurais. Em 1988, Margarida recebeu postumamente, o "Prêmio Paz de Deus" ou "Prêmio Pax Christi" Internacional, movimento católico de respeito aos direitos humanos, justiça e reconciliação em regiões devastadas por conflitos.

 

Fonte: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2012/02/margarida-alves


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