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Postado dia 23/12/2015 às 14:26:28

A Beleza da Liturgia das Horas

A Liturgia das Horas é a oração oficial da Igreja. A partir do Concílio Vaticano II é proposta a todos os fieis (Bispos, padres, religiosos, leigos e leigas). É um convite parar reunir-se em nome de Jesus Cristo e celebrar o seu mistério no ciclo do dia, da semana e do ano litúrgico.

Desde os seus primórdios a Igreja reza incessantemente (At 2, 42). Santo Inácio de Antioquia, em suas cartas, fala que se rezava frequentemente pelas comunidades cristãs. O mesmo testemunho é dado por Tertuliano, Orígenes, Irineu e Cipriano. Desse modo, percebe-se a ininterrupta prece da Igreja a seu Senhor e Mestre.

As formas de oração modificaram-se muitas vezes. A partir do século IV tem-se notícia de duas tradições de oração comunitária na Igreja: o Ofício da Igreja Catedral e o Ofício Monástico. Aqui aparecem as orações das Horas que evocam o mistério de Cristo no tempo e que, mais tarde, tornar-se-iam a Liturgia das Horas.

Podemos dizer, portanto, que a “[...] Liturgia das Horas é uma experiência diária do Mistério Pascal a partir do ritmo do dia. É o louvor da Igreja pelo mistério de Cristo, a partir da luz, para a santificação especial do tempo”.

Na Liturgia das Horas tem-se uma experiência diária do Mistério de Cristo. As Laudes evocam a Ressurreição do Senhor e a nossa ressurreição com Ele. As Vésperas evocam os mistérios da tarde, sobretudo o sacrifício da Cruz. A Hora Média evoca os passos da Paixão de Cristo e a vida nascente da Igreja, animada pelo Espírito Santo. A Terça (Oração das Nove) celebra a condenação de Cristo à morte e o Mistério de Pentecostes; a Sexta (Oração das Doze), a crucificação do Senhor e a Nona (Oração das Quinze), a morte de Jesus na Cruz. O Ofício das Leituras constitui uma vigília orante em preparação à vinda do Senhor.

Há também uma experiência semanal do Mistério Pascal. No Domingo, o Dia do Senhor, celebra-se a Ressurreição de Cristo e da Igreja. Segunda-feira, a vocação da Igreja, o mistério de Pentecostes. Terça-feira, a missão da Igreja, sua dimensão apostólica. Quarta-feira, o testemunho e martírio da Igreja, testemunho que ela vê realizado nos santos, que por sua vez, se tornam seus patronos. Quinta-feira o novo mandamento, o lava-pés, a Ceia, a Igreja, o Sacerdócio, a Eucaristia. Sexta-feira, a Paixão e Morte de Cristo, o pecado a penitência, a reconciliação. Sábado, a escatologia, contemplada em Maria. Essas facetas de cada dia estão contempladas na escolha dos salmos, nas orações finais e sobretudo nas preces.

Vê-se que a Liturgia das Horas não é uma oração vazia, uma mera repetição de salmos e textos bíblicos. É uma bela e profunda oração! Como disse Dom Clemente Isnard:“Bem usada, a Liturgia das Horas dispensa livros de meditação e pode nutrir substancialmente a vida espiritual e a ação apostólica de quem dela faz uso”.

A Oração das Horas é uma experiência de morte e vida na experiência diária das trevas e luz, da noite e dia, da tarde e da manhã. É contemplar no tempo o grande amor de Deus pela humanidade e a entrega total desse amor para a salvação de todos.

A própria Eucaristia tem na Liturgia das Horas sua melhor preparação porque esta alimenta e desperta para melhor receber o Corpo e Sangue do Senhor.

Na Liturgia das Horas não se reza apenas para si, mas se reza em nome da Igreja. Pelos salmos, é a Igreja que vive o seu mistério à luz de Cristo. Os salmos mostram Deus revelando-se na resposta orante do ser humano. É o homem e a mulher em diálogo pessoal, comunicando-se com Deus nas mais variadas circunstâncias da vida.

Por isso, rezar a Liturgia das Horas é viver em oração, viver em Deus. É antecipar a realidade última já aqui na história. A Liturgia das Horas é essencialmente uma oração da assembleia cristã, é uma oração eclesial. E que bela oração! Contempla e envolve toda a Igreja.

Com alegria, rezar a Liturgia das Horas é colocar-se nas mãos de Deus para que Ele fale, é estabelecer um diálogo amoroso com ele a partir da vida, do cotidiano. Ela nunca deve ser um peso, mas sempre um doce alívio na certeza de encontrar-se nas mãos e no coração de Deus.

A Liturgia das Horas constitui um intenso exercício de conversão, de evangelização da assembleia reunida. Por isso, deve ser incentivada nas comunidades cristãs como uma propícia e eficaz forma de oração comunitária e como momento realmente fecundo de colocar-se inteiramente em Deus.

Por Eduardo Moreira Guimarães
Seminarista da Diocese de Cornélio Procópio


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