Artigos de Dom Manoel João Francisco Dom Manoel João Francisco - Bispo Emérito

Postado dia 21/05/2019 às 17:03:17

Os 46 anos da Diocese de Cornélio Procópio

No próximo domingo, dia 26 de maio, nossa Diocese estará de aniversário. Vai completar 46 anos. Ela foi criada pelo Papa São Paulo VI pela bula “Votis et Precibus”.
Segundo os documentos da Igreja “Diocese é a porção do povo de Deus confiada a um Bispo para que a pastoreie em cooperação com o presbitério, de modo tal que, unida a seu pastor e por ele congregada no Espírito Santo mediante o Evangelho e a Eucaristia, constitua uma Igreja particular, na qual verdadeiramente está e opera a Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja de Cristo” (CD 11).
Chamo a atenção para a expressão “porção do povo de Deus”.  Porção não é parte ou parcela. A porção contém em si tudo o que está no todo, enquanto que parte, como a própria palavra diz, contém apenas uma parte. Por isso, na Diocese encontra-se, verdadeiramente presente e operante toda a Igreja de Cristo una, santa, católica e apostólica. 
Na Diocese, o bispo é o vigário de Cristo, ou seja, aquele que age em nome de Cristo. Até o momento, nossa Diocese já contou com o pastoreio de três bispos.
Dom José Joaquim Gonçalves foi o nosso primeiro bispo. Iniciou seu pastoreio no dia 13 de outubro de 1973. Por causa de sua saúde, que desde a juventude foi frágil, em 28 de março de 1979, renunciou ao seu pastoreio e retirou-se para a cidade Rio Preto. Grande devoto de Nossa Senhora, solicitou à Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos para que a Virgem Maria em seu Imaculado Coração fosse declarada Padroeira da Diocese. A Congregação aceitou o pedido que, posteriormente foi ratificado pelo Papa São João Paulo II.
Dom Domingos Gabriel Wisniewski assumiu a Diocese como segundo bispo no dia 05 de agosto de 1979. Sua primeira iniciativa foi dar estrutura pastoral e administrativa à Diocese. Elaborou o primeiro plano de pastoral em que apresentava como objetivo de ação a comunhão e a participação com ênfase na formação dos leigos e padres. Em 1983 convocou a primeira Assembleia Diocesana de Pastoral que viabilizou o segundo Plano de Pastoral. Este segundo Plano de Pastoral teve como objetivo “evangelizar a nossa Diocese, despertando o espírito comunitário a partir dos grupos de reflexão, para a transformação da comunidade cristã e da sociedade, na justiça, fraternidade e unidade”. A fim de ating ir este objetivo, o Plano destacou três urgências: Grupos de Reflexão, Catequese e Formação de Agentes. Dom Domingos ficou pouco tempo em Cornélio Procópio. Em 17 de maio de 1983, o Papa São João Paulo II o transferiu para a Diocese de Apucarana.
Não conheci os nossos dois primeiros bispos, mas tenho a graça de suceder e conviver com Dom Getúlio Teixeira Guimarães, o terceiro Sucessor dos Apóstolos, nesta pequena porção do povo de Deus, que é a nossa Diocese de Cornélio Procópio. 
Dom Getúlio foi também muito dinâmico na caminhada à frente de nossa Diocese. Soube valorizar as Pastorais já existentes e, na medida das necessidades, foi criando tantas outras. Teve uma preocupação e um cuidado muito grande com a formação do clero. Dentre os padres que ordenou, dois deles, hoje, são bispos. 
Certo dia, estava eu numa roda de padres. Como sempre, um dos assuntos foi o relacionamento dos padres com o Bispo e do Bispo com os padres. Um dos presentes fez o seguinte comentário: “Conheço apenas um bispo de quem nunca ouvi uma crítica por parte dos padres da diocese”. E voltando-se para mim, continuou: “Trata-se de seu antecessor, Dom Getúlio”. De fato assim é. Eu que convivo com ele, sei que Dom Getúlio tem sido ministro, por excelência, da reconciliação. Com suas palavras mansas e sua paciência tem sido um verdadeiro pontífice, ou seja, um construtor de pontes. Como Jesus que passou pelo mundo fazendo o bem, libertando todos os que eram oprimidos e trazendo vida às pessoas, da mesma forma, Dom Getúlio com seu jeito de ser e agir tem gerado muita vida em redor de si, pois quem vive fazendo o bem, dando-se aos outros e manifestando em gestos concretos a sua entrega aos irmãos e irmãs, está construindo vida nova e plena.
Eu, por pura graça e bondade de Deus, sem nenhum mérito de minha parte, sou o quarto bispo procopense. Os documentos da Igreja orientam que o bispo ao exercer seu ministério “tenha sempre diante de si o exemplo de Cristo e assuma o autêntico espírito de serviço evangélico para com a porção do povo de Deus que lhe é confiada”. Esta é a graça que peço a Deus em minhas orações matinais, todos os dias.


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