Depois de dois anos de preparação e um mês de realização, no dia 28 de outubro último, o Papa Francisco encerrou o XV Sínodo dos Bispos que refletiu sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
Inovando mais uma vez, o Papa Francisco determinou que o documento final fosse publicado como texto oficial. Nos Sínodos anteriores, os Padres Sinodais apresentavam ao Papa um conjunto de proposições para que ele, depois de um certo tempo, redigisse e publicasse o documento final, chamado “Exortação Pós-Sinodal”.
O Documento Final deste último Sínodo é um tanto longo. Está dividido em 03 partes, 12 capítulos, além da introdução e da conclusão.
A introdução, numa oração de ação de graças, afirma, que durante o Sínodo, seus participantes foram agraciados pelo Espírito Santo que os encorajou e os fortaleceu de maneira extraordinária a fim de levar ao mundo a esperança. A introdução afirma também que o Documento Final quer transmitir às Igrejas do mundo inteiro a alegria do Evangelho, bem como, ser uma partilha da experiência de graça vivida pelos participantes do Sínodo. É dito ainda que a contribuição dos jovens foi uma novidade de fundamental importância.
A primeira parte, intitulada “Caminhava com eles” é constituída de quatro capítulos. No primeiro capítulo, os participantes, a exemplo de Jesus, no caminho de Emaús, tentam se colocar à escuta dos jovens, mesmo que suas expectativas e esperanças sejam inadequadas.
Escutar supõe humildade, paciência e disponibilidade para compreender, e compromisso para elaborar novas respostas. Escutar é o jeito de Deus se relacionar com seu povo. “De fato, Deus vê a miséria de seu povo, escuta os seus lamentos, deixa-se tocar no íntimo, e desce para libertá-lo”. A Igreja precisa entrar em sintonia com este jeito de agir de Deus. Os jovens esperam muito esta atitude da Igreja. Eles reclamam que não são escutados. Principalmente os mais pobres e excluídos sentem que sua voz não é considerada, nem na Igreja nem na sociedade.
Escutar e, de modo especial, escutar os jovens é uma tarefa pastoral que compete a todos os ministros e agentes de pastoral, a começar dos bispos. Crer no valor teológico e pastoral da escuta implica numa readequação do ministério presbiteral e numa preparação específica de religiosos, religiosas, leigos e leigas para que acompanhem de forma eficaz os nossos jovens. Neste sentido, se poderia inclusive instituir o ministério da escuta.
No esforço de escutar os jovens é de fundamental necessidade ter em conta a pluralidade dos mundos juvenis. As diferenças dizem respeito às idades, às formas de experiência religiosa, às estruturas familiares, às maneiras de transmitir a fé, às relações intergeracionais e tantas outras.
De particular importância é a diferença entre os países com alta natalidade em que os jovens representam uma parcela significativa e crescente da população e os países com baixa natalidade em que os jovens vão perdendo sempre mais espaço. Uma outra diferença entre os países diz respeito à sua história marcada ou não pelo cristianismo.
Não se pode esquecer também a diferença entre homens e mulheres com seus dons peculiares e sensibilidades específicas. Esta diferença pode provocar formas de domínio, de exclusão e de discriminação que devem ser combatidas pela Igreja e pela sociedade.
Diante desta realidade constatada, os próprios jovens reconhecem que em muitos países a Igreja tem sido uma presença viva, com uma contribuição fundamental na área da educação, com resultados positivos até mesmo para jovens não crentes e de outras religiões.
Foi constatado também que diversos grupos paroquiais, movimentos e associações juvenis realizam um eficaz processo de acompanhamento na vida de fé dos jovens.
Ficou evidente para os participantes do Sínodo que a estrutura paroquial não corresponde mais aos anseios e necessidades dos jovens. Necessário se faz uma renovação total, pois apesar das várias tentativas de mudança, “o rio da vida juvenil corre paralelo à vida da comunidade, sem conseguir encontrá-la.
A solução para todas estas questões, com certeza, passa também pela formação dos futuros padres, consagrados e consagradas. Padres, religiosos e religiosas mais identificados com Cristo, o Bom Pastor e, ao mesmo tempo, mais identificados com a cultura juveni, terão muito mais condições de corresponder aos anseios e aspirações de nossos jovens neste mundo plural em que eles e nós vivemos.e