Transmissão e celebração da fé em família

A Iniciação à Vida Cristã implica de forma especial a família, lugar insubstituível da transmissão da fé, transmissão de valores, elo, espaço fundamental, meio imprescindível para a educação cristã. Vimos também que toda família, por direito, necessita de que seus diversos membros sejam educados devidamente, vimos ainda que são diversas as instituições que podem e devem colaborar para com essa educação.

Agora perguntamos o seguinte: Em que consiste o específico cristão a ser transmitido na família? Qual é a diferença entre os valores humanos que deve transmitir toda a família e os valores cristãos que deve transmitir a família cristã? Em primeiro lugar, nós os cristãos, devemos ser os primeiros responsáveis por todo o processo educacional, consequentemente, também pela transmissão dos valores humanos. Em segundo lugar, nossa responsabilidade de cristãos, exige de cada um de nós a transmissão dos valores cristãos. Nisto somos mais que responsáveis. Não podemos terceirizar essa obra.

Em tudo a família necessita expressar de forma explicita e significativa sua fé, seu ser cristão, sobretudo em determinados espaços e tempos. Quando sentada à mesa, ao levantar-se, ao deitar-se, aos domingos, o dia do Senhor, nas celebrações eucarísticas etc. Nos diversos momentos concretos da vida: nascimento, crescimento, casamento, enfermidade, morte, aniversário...

Quando na vida da família, se consegue pôr em evidência a importância e a riqueza destes momentos e situações da vida, a vivência e a experiência da fé pode fazer-se mais intensa e comovente. Deus mesmo em uma proximidade salvadora aparecerá tecendo com a família a trama de sua história de vida, como aquele que caminha conosco, manifestando seu amor inefável na pura e absoluta gratuidade e misericórdia. É preciso, portanto, colocar-se em ação e fazer com que tudo isso aconteça de maneira efetiva no seio familiar. Essas maravilhas da família acontecerão pela forma com que ela é conduzida.

Já vi filho chegar em casa, cumprimentar todos os convidados, beijar a irmã, a mãe e o pai. Fiquei imaginando: esses valores só podem ter vindo do pai e da mãe, do ambiente familiar. Depois descobri que o casal constantemente se reúne com outros casais para rezar, estudar valores cristãos e confraternizar-se. Para finalizar, antes de despedir da família, os convidei para uma oração. Apareceram mais pessoas que estavam na casa. Todos deram as mãos e rezaram. O sorriso nos lábios de cada uma das pessoas mostrava que, apesar das dificuldades, aquela família é feliz. Lutam uns pelos outros e com a graça de Deus são assim.

Conclui-se o seguinte: o valor permanente que a família oferece para si mesma, tirado dos diversos acontecimentos da vida familiar e social, é como um abono constante que faz frutificar atitudes e atos concretos com a marca inconfundível do ser cristão. Isso leva a uma consciência e vivência de um “existir”, que se reflete nos diversos momentos da vida, ainda que em meio a fragilidades e contradições, que sempre nos fazem experimentar também a tensão existente entre o desejo e a realidade.

Padre José de Lima

Assessor da Animação Bíblico-Catequética

Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Jataizinho – Pr

Diocese de Cornélio Procópio