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Postado dia 05/04/2018 às 07:43:59

50 anos do martírio de Martin Luther King

No dia último dia 04 de abril, completaram-se 50 anos do martírio de Martin Luther King, o célebre Pastor Batista dos Estados Unidos, assassinado aos 39 anos, em Memphis, onde se encontrava para apoiar uma greve de trabalhadores negros da limpeza urbana.

Desde a mais tenra idade, motivado pelo exemplo dos pais, amadureceu sua consciência contra o regime de segregação dos negros em seu próprio país. No entanto, sua luta começou para valer, quando Rosa Parks, em Montgomery, no Alabama, em meados da década de 1950, se manteve sentada no ônibus, sem ceder o lugar para um branco que havia embarcado.

Deste então, Martin Luther King tornou-se o principal porta-voz da campanha de desobediência e resistência civil para pressionar o governo americano a declarar ilegal a política de segregação racial.

Em 1963 foi preso. Na prisão de Birmingham escreveu uma carta nas margens de jornais velhos, pois não tinha acesso a papel. Nesta carta ele define e esclarece o sentido de sua luta pacífica contra o racismo. À pergunta sobre a obediência a algumas leis e desobediência a outras, ele esclarece:

“O fato é que existem dois tipos de leis: as justas e as injustas. (...). Todos os estatutos de segregação são injustos porque a segregação distorce a alma e prejudica a personalidade. A segregação dá ao segregador uma falsa impressão de superioridade e aos segregados impõe uma falsa sensação de inferioridade. Segregação, para usar a terminologia do filósofo judeu Martin Buber, substitui um relacionamento “eu-você” por uma relação “eu-isso” e acaba relegando as pessoas ao status de coisas. Portanto, a segregação não é apenas política, econômica e sociologicamente doentia: é moralmente errada e pecaminosa”.

No mesmo ano de 1963 liderou a famosa marcha a Washington, quando 250 mil manifestantes exigiram, de forma pacífica, respeito aos seus direitos. Nesta ocasião, pronunciou o célebre discurso: “Eu tenho um sonho”, onde entre outras coisas proclamou:

“Há quem pergunte aos defensores dos direitos civis: ‘Quando vocês ficarão satisfeitos?’ Não estaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos indescritíveis horrores da brutalidade policial. Jamais poderemos estar satisfeitos enquanto nossos corpos, cansados com as fadigas da viagem, não conseguirem ter acesso aos hotéis de beira de estrada e das cidades. (...). Digo-lhes hoje, meus amigos, que, apesar das dificuldades e frustrações do momento, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. Eu tenho um sonho que um dia essa nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença que todos os homens foram criados iguais. Eu tenho um sonho que um dia, nas montanhas rubras da Geórgia, os filhos dos descendentes de escravos e os filhos de descendentes de donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade. (...). Eu tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor da pele, mas pelo conteúdo do seu caráter. Eu tenho um sonho que um dia o estado do Alabama, com seus racistas cruéis, cujo governador cospe palavras de ‘interposição’ e ‘anulação’, um dia bem lá no Alabama meninos negros e meninas negras possam dar-se as mãos com meninos brancos e meninas brancas, como irmãs e irmãos. Hoje eu tenho um sonho”.

Um dia antes de ser morto, em um sermão no templo do bispo Charles Mason em Memphis fez esta afirmação:

“Não sei o que acontecerá agora, se virão dias difíceis. Mas, realmente não me importo, porque estamos no cume da montanha. Como qualquer um, gostaria de viver uma vida longa. A longevidade tem o seu lugar. Mas agora isso não me preocupa. Quero apenas fazer a vontade de Deus. E ele me permitiu subir a montanha, olhar e ver a Terra Prometida. Pode ser que não chegue lá com vocês, mas quero que saibam que, como povo, chegaremos. Por isso, nesta noite, estou feliz. Nada me preocupa. Não temo ninguém. Meus olhos viram a glória do Senhor”.

Em 1968, por ocasião da morte de Luther King, a revista América se perguntou: “Será que este profeta vai ser ouvido na morte, já que não foi ouvido na vida?

Cinqüenta anos depois, se pode dizer que em parte sim. Sem a sua luta, não teria sido possível um Presidente negro como foi Baraka Obama. No entanto, os negros dos Estados Unidos e de outros países, como o nosso querido Brasil, continuam enfrentando a desigualdade sócio-econômica bem como a falta de oportunidade generalizada.

O sonho de Luther King não pode morrer!

 

Dom Manoel João Francisco - Bispo Diocesano


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