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Postado dia 27/03/2018 às 14:04:24

Páscoa a festa das festas - Reflexão da Semana por Dom Manoel

No Domingo de Ramos iniciamos a celebração da Páscoa que vai se prolongar até o Domingo de Pentecostes. A Páscoa é a festa das festas. Nela celebramos o núcleo, a coluna mestra de nossa fé: a ressurreição de Cristo garantia e penhor de nossa ressurreição. Aos fiéis de Corinto que duvidavam da ressurreição de Cristo e da própria ressurreição, o Apóstolo Paulo faz esta argumentação: “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como podem alguns dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos , então Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é sem fundamento, e sem fundamento também é vossa fé. Se os mortos não ressuscitam, estaríamos testemunhando contra Deus que ele ressuscitou Cristo enquanto, de fato, ele não o teria ressuscitado. Pois, se os mortos não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados. Então, também pereceram os que morreram em Cristo. Se é só para esta vida que pusemos nossa esperança em Cristo, somos, dentre todos os homens, os mais dignos de compaixão” (1Cor 15,12-19). Comentando este texto do Apóstolo Paulo, nosso Papa Francisco assim se expressa: “Este é o ponto culminante do Evangelho, é a Boa Nova por excelência: Jesus, o crucificado, ressuscitou! Este acontecimento está na base da nossa fé e da nossa esperança. Se Cristo não tivesse ressuscitado, o cristianismo perderia o seu valor, toda a missão da Igreja veria esgotar o seu ímpeto, porque dali partiu e sempre parte de novo. A mensagem que os cristãos levam ao mundo é esta: Jesus, o Amor encarnado, morreu na cruz pelos nossos pecados, mas Deus Pai o ressuscitou e o fez Senhor da vida e da morte. Em Jesus, o Amor triunfou sobre o ódio, a misericórdia sobre o pecado, o bem sobre o mal, a verdade sobre a mentira, a vida sobre a morte”. Por causa de sua importância, a Páscoa não pode ser celebrada num só dia. O mistério é muito grande. O tempo pascal, por isso, dura cinqüenta dias. Encerra-se com a festa de Pentecostes que, por sua vez, é antecipada e preparada pela Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. O ápice das celebrações pascais, no entanto, é a Vigília Pascal. Nesta noite somos convidados a ficar acordados. Professamos, assim, nossa fé e certeza na vitória sobre a morte, cujo símbolo é o sono. Com freqüência se confunde ressurreição com reanimação corporal. Esta confusão já existia no início da Igreja. Por isso o Apóstolo Paulo tenta fazer uma espécie de descrição do que seja um corpo ressuscitado. “Semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; semeado na humilhação, ressuscita na glória; semeado na fraqueza total, ressuscita no maior dinamismo; semeia-se um corpo só com vida natural, ressuscita um corpo espiritual” (1Co 15,42-44). Não se nega o poder de Deus para reanimar um corpo, a ressurreição que esperamos, no entanto, não significa a simples volta à vida. Um corpo ressuscitado é um corpo glorioso, ou seja, espiritualizado e incorruptível, já não mais sujeito às categorias de espaço e tempo. É também muito comum confundir ressurreição com reencarnação, doutrina totalmente incompatível com a fé católica. Reencarnação significa encarnar-se de novo, ou seja, assumir um outro corpo para se purificar de algum pecado não totalmente expiado. Segundo a doutrina da reencarnação a pessoa vai nascer tantas vezes quantas forem necessárias para sua purificação. Para nós católicos isto não é possível. A Bíblia fala claramente que a pessoa morre uma só vez (cf. Hb 9,27). Quem acredita na reencarnação, no fundo, está dizendo que cada um se salva pelas próprias forças, sem precisar do perdão de Deus. Desta forma, desvaloriza o sacrifício de Cristo que derramou seu sangue para nos salvar (1Pd 1,19), e acusa Jesus de ter sido um grande mentiroso, pois no alto da cruz exclamou: “Pai perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Quem crê na reencarnação nega também a existência do inferno e até mesmo do céu. A celebração da Páscoa é cheia de significado e conseqüência para o cristão. A ressurreição de Cristo, conforme pedimos na oração (do dia) do sexto domingo, deve transformar-nos. A primeira conseqüência é a vitoria sobre o pecado e sobre a morte. Por isso, o compromisso com a vida é próprio de quem crê na ressurreição. Não é possível celebrar a Páscoa e continuar desinteressados pelas lutas e propostas em favor da vida.

 

Dom Manoel João Francisco - Bispo da Diocese de Cornélio Procópio-Pr


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