No dia 08 de março comemoramos o Dia Internacional da Mulher, neste ano, no contexto da Campanha da Fraternidade que tem como tema a superação da violência.
Como se sabe, esta data foi instituída para fazer memória da violência sofrida por um grupo de mulheres e manter vivo o ideal de lutas por igualdade, respeito e dignidade para com todas as mulheres.
Embora sendo um dos fenômenos sociais mais absurdos e inaceitáveis a violência contra a mulher continua sendo muito comum em nossos dias.
Segundo o texto base da Campanha da Fraternidade, no Brasil, entre 2001 e 2011 o feminicídio teve um crescimento de 17,2%. Em 2013 houve 4.762 assassinatos de mulheres, uma média de 13 por dia. Numa lista de 83 países, o Brasil ocupa a quinta colocação. Em nosso país, ocorrem 2,4 vezes mais feminicídio do que a média internacional. As mulheres negras são as maiores vítimas. Em uma década, entre os anos de 2003 e 2013, houve uma redução de 9,8% de assassinatos de mulheres brancas, enquanto no mesmo período, aumentaram em 54,2% os assassinatos de mulheres negras. Apesar da grande divulgação da Lei Maria da Penha, que foi inclusive tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em 2016, apenas 7,4% dos agressores tem sido condenados ou aguardam julgamento.
No entanto, texto base da Campanha da Fraternidade alerta que a “Justiça não evita a prática da violência, apenas a reprime e pune”. Para superar a violência é preciso que se faça um processo de educação. No caso da violência contra as mulheres que geralmente acontece no ambiente doméstico, dentro da própria casa, e é praticada, na maioria das vezes, pelo parceiro ou ex-parceiro, o processo também deve começar em casa, com pequenos gestos de grande eficácia. Neste sentido, o Papa Francisco lembra que para haver paz numa família e consequentemente se evitar todo tipo de violência, nunca pode faltar estas três palavras: “com licença”, “obrigado” e “desculpa”. Na opinião do Papa, “num primeiro momento talvez elas nos façam sorrir, mas quando as esquecemos, deixam de haver motivos para sorrir”. E o Papa continua: “Quando numa família não somos invasores e pedimos “com licença”, quando na família não somos egoísta e aprendemos a dizer “obrigado”, e quando na família nos damos conta de que fizemos algo incorreto e pedimos “desculpa”, nesta família existe paz e alegria. Não sejamos mesquinhos no uso destas palavras, sejamos generosos repetindo-as dia-a-dia, porque certos silêncios pesam, às vezes mesmo em família, entre marido e mulher, entre pais e filhos e entre irmãos. Pelo contrário, as palavras adequadas, ditas no momento certo, protegem e alimentam o amor dia após dia” (AL 133).
A Pastoral da Criança há vários anos lançou um panfleto intitulado “Dez Mandamentos para a Paz na Família”. Na linha do Papa, são gestos simples, mas, se vivenciados no dia-a-dia de nossas famílias, eles irão contribuir de forma muito eficaz na superação de todo o tipo de violência, especialmente da violência contra a mulher.
São estes os mandamentos:
1) Tenha fé e viva a Palavra de Deus, amando o próximo como a si mesmo;
2) Ame-se, confie em si mesmo, em sua família e ajude a criar um ambiente de amor e paz ao seu redor;
3) Reserve momentos para brincar e se divertir com sua família, pois a criança aprende brincando e a diversão aproxima as pessoas;
4) Eduque seu filho através da conversa, do carinho e do apoio e tome cuidado: quem bate para ensinar está ensinando a bater;
5) Participe com sua família da vida da comunidade, evitando as más companhias e diversões que incentivam a violência;
6) Procure resolver os problemas com calma e aprenda com as situações difíceis, buscando em tudo o seu lado positivo;
7) Partilhe seus sentimentos com sinceridade, dizendo o que você pensa e ouvindo o que os outros têm para dizer;
8) Respeite as pessoas que pensam diferente de você, pois as diferenças são uma verdadeira riqueza para cada um e para o grupo;
9) Dê bons exemplos, pois a melhor palavra é o nosso jeito de ser;
10) Peça desculpas quando ofender alguém e perdoe de coração quando se sentir ofendido, pois o perdão é o maior gesto de amor que podemos demonstrar.
Por Dom Manoel João Francisco - Bispo da Diocese de Cornélio Procópio-Pr