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Postado dia 26/02/2018 às 07:36:46

Padre Paulo Sérgio faleceu com 51 anos

Na Reflexão desta semana, Dom Manoel João Francisco fala sobre a morte do Padre Paulo Sérgio Kamarowski.

 

Com apenas 51 anos de vida aqui na terra, no último sábado Pe. Paulo Sérgio Kamarowski, pároco de São Miguel, na cidade de Cornélio Procópio e ecônomo da Diocese, fez a sua páscoa definitiva para junto de Deus.

         As exéquias aconteceram na igreja de São Miguel Arcanjo, sede da Paróquia, sendo o corpo, em seguida, levado para o cemitério municipal de Cornélio Procópio, onde foi sepultado

Para nossa fé de cristãos a morte não é o fim, mas o início de uma nova vida. Os primeiros cristãos celebravam o dia da morte como “dies natalis”, ou seja, dia do verdadeiro nascimento. Por isso o Ritual de Exéquias recomenda: “Lembrem-se todos, (...), ao oficiarem a liturgia das exéquias, de que lhes cabe, tanto despertar a esperança dos participantes, quanto fortificar a fé no mistério pascal e na ressurreição dos mortos”.

Aproveito a oportunidade da entrada na vida eterna deste nosso querido irmão para comentar alguns destes ritos e sinais.

Comecemos pelo corpo da pessoa falecida. A Igreja cerca de grande cuidado os corpos de seus fiéis falecidos porque eles foram templo do Espírito Santo desde o seu batismo. Foram também alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo e haverão de ressuscitar no fim dos tempos. Por isso os corpos dos fiéis defuntos, antes de serem sepultados merecem a veneração dos irmãos vivos. Se for um bispo ou padre seja revestido com trajes litúrgicos e velado na igreja catedral ou matriz de sua paróquia. Os demais fiéis sejam velados em capelas funerárias ou outros lugares apropriados e sejam sepultados em cemitérios. Pelos mesmos motivos se devem honrar as cinzas de uma pessoa falecida, caso tenha sido cremada.      

É normal durante o velório de um irmão ou irmã as pessoas falarem em voz baixa e ficarem durante longos intervalos em silêncio. Se alguns querem conversar saem do ambiente onde está o corpo e vão formar grupos lá fora. O silêncio é uma das mais importantes atitudes simbólicas da celebração das exéquias. Alternado com as palavras e/ou cânticos, é um espaço privilegiado que a celebração exequial oferece para a meditação sobre o mistério pascal. O silêncio respeitoso dá à celebração um clima de serena esperança e de consideração à dor da família.

         Nossa fé na ressurreição também se expressa através do Círio Pascal acesso. As normas litúrgicas orientam que na celebração das exéquias o Círio Pascal seja colocado junto ao féretro, para indicar que a morte é para o cristão a sua verdadeira Páscoa. O Círio Pascal foi aceso quando fomos batizados e no momento próprio, nossos padrinhos ou nossos próprios pais acederam uma vela no Círio e colocaram em nossas mãos. No batismo fomos iluminados pela luz de Cristo. Esta luz continuou a iluminar-nos ao longo de nosso caminho terreno. Nas exéquias ela brilha como símbolo da nossa união à Luz da vida eterna.

         Outro símbolo forte na celebração das exéquias é a presença da cruz. A cruz, desde o batismo, sempre marca presença na vida do cristão. O ministro que preside os ritos de admissão dos catecúmenos recorda-lhes que a cruz é o sinal da vitória: “Eu marco vocês com o sinal da cruz (...) para que vocês tenham a vida eterna”. O apóstolo Paulo afirma que a cruz deve ser a glória do cristão, pois por meio dela Cristo oferece ao mundo a vida e a ressurreição, a salvação e a libertação (Gl 6,14). Nas exéquias a cruz adquire particular significado, recordando-nos a morte salvadora de Cristo como exemplo paradigmático da morte do cristão. Foi na cruz que Cristo entregou o Espírito, dando nova vida aos que crêem (Jo 19,30). Junto ao corpo do defunto, a cruz sinaliza toda essa realidade por ele assumida no curso de sua vida terrena, na medida em que procurou viver configurado ao mistério da cruz do Senhor. Para evitar duplicações de símbolos o Ritual das Exéquias recorda que não será necessário colocar a cruz sobre o caixão, se já está visível no espaço do presbitério ou do velório.

         As flores também são símbolos muito populares na celebração das exéquias. Elas trazem a imagem bíblica do paraíso, do jardim do Éden ou ainda do jardim que, segundo o Apocalípse, se encontra no centro da nova cidade, a Jerusalém celeste (Gn 2,15; Ap 22,1ss ). É uma forma de expressar a reconquista do paraíso, do qual o ser humano foi expulso em consequência de ter desobedecido a Deus. Cristo resgatou o que a nossa desobediência fizera perder.

         Como estamos percebendo as Exéquias são uma profunda catequese sobre o que é fundamental na nossa fé – a ressurreição dos mortos. Sem esta fé, já lembra o Apóstolo Paulo, seríamos os seres mais dignos de comiseração.

 

Dom Manoel João Francisco

Bispo da Diocese de Cornélio Procópio-PR 


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