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Postado dia 26/12/2016 às 20:45:38

Reflexão sobre a Mensagem do Papa por Dom Manoel

Nos últimos tempos a violência subiu ao topo da lista de preocupações das pessoas.  Às mais antigas acrescentaram-se várias outras mais recentes.  A violência no trânsito, por exemplo, é de estarrecer. É a segunda maior causa de morte no Brasil e a terceira no mundo. A violência contra a mulher é igualmente assustadora. No Brasil, uma em cada cinco mulheres, já sofreu algum tipo de violência, por parte de algum homem, conhecido ou desconhecido. Todos os dias, idosos, com mais de 60 anos, sofrem algum tipo de violência: violência física, psicológica, violência patrimonial, violência por negligência. Em 2015, o “disque 100”, serviço do governo federal, recebeu 62563 denúncias. Das 171 chamadas diárias, a maior parte, 39%, são para reclamar de omissão de cuidados, por parte dos familiares. A violência psicológica vem em segundo lugar com 26,1% dos registros. Aparecem em seguida o abuso financeiro 20% e a violência física 13,8%. Jovens e adolescentes brasileiros diariamente enfrentam uma verdadeira guerra. Todos os dias, mais de dez jovens entre 16 e 17 anos são mortos, dos quais 93% são do sexo masculino, negros, pobres e de baixa escolaridade. O Brasil ocupa o terceiro lugar em homicídios de adolescentes entre 85 países. São 54,9 homicídios para cada 100 mil jovens de 15 a 19 anos, enquanto que outros países como a Áustria e o Japão apresentam índices de 0,2 homicídios por 100 mil jovens. Segundo o sociólogo Jacobo Waiselfisz, são vários os motivos desta violência. Começa pela tolerância da sociedade, passa pela falta de investimento em educação e pelo despreparo da polícia que ele classifica como “criminosa”. Os povos indígenas são outras vítimas da violência no Brasil. No Mato Grosso do Sul as Comunidades Guarani Kaiowá estão sofrendo um verdadeiro genocídio.

O mundo está em guerra. Num levantamento feito em 162 países, apenas 11 não registraram de nenhum conflito bélico. Na opinião do Papa Francisco, isto equivale a uma terrível terceira guerra mundial, “combatida em pedaços, aos poucos e em variados níveis, com crimes, massacres destruição”. E ainda nas palavras do Papa, “guerra significa crianças, mulheres e idosos em campos de refugiados. Significa deslocamentos forçados, casas, ruas e fábricas destruídas e, principalmente, vidas despedaçadas”. Significa também “terrorismo, criminalidade e ataques armados imprevisíveis, abusos sofridos pelos migrantes e pelas vítimas do tráfego humano, significa ainda a devastação do meio ambiente”.

Em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz a ser celebrado no dia 1º de janeiro, o Papa Francisco pede para que “façamos da não-violência ativa o nosso estilo de vida. Assim se expressa o Papa, logo no início de sua mensagem.

         “Nesta ocasião, desejo deter-me na não-violência como estilo de uma política de paz, e peço a Deus que nos ajude, a todos nós, a inspirar na não-violência as profundezas de nossos sentimentos e valores pessoais. Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais. Quando sabem resistir à tentação da vingança, as vítimas da violência podem ser os protagonistas mais credíveis de processos não-violentos de construção da paz. Desde o nível local e diário até ao nível da ordem mundial, possa a não-violência tornar-se o estilo característico das nossas decisões, dos nossos relacionamentos, das nossas ações, da política em todas as suas formas”.

         O Papa continua sua mensagem lembrando que Jesus foi e é o grande promotor da paz através da não-violência. Em vez de vingança, a proposta é amar os inimigos (Mt 5,44) e oferecer a outra face a quem nos bater (Mt 5,39). “Ser discípulo de Jesus significa aderir a sua proposta de não-violência. (...). A não-violência não consiste em render-se ao mal, mas em vencer o mal com o bem (Rm 12,17-21)”.

         A educação para a não-violência e consequentemente para a paz começa na família. “A partir da família, a alegria do amor propaga-se pelo mundo, irradiando-se para toda a sociedade”. Por isso, se queremos paz no mundo, precisamos começar pela erradicação de todo tipo de violência doméstica e de todo abuso sobre mulheres e crianças. “As políticas da não-violência devem começar dentro das paredes de casa para, depois, se difundir por toda a família humana”.

         Para encerrar sua mensagem o Papa apresenta os seus votos de paz com as seguintes palavras:

         “Todos desejamos a paz, muitas pessoas a constroem todos os dias com pequenos gestos; muitos sofrem e suportam pacientemente a dificuldade de tantas tentativas para construí-la. No ano de 2017, comprometamo-nos, através da oração e da ação, a tornar-nos pessoas que baniram de seus corações, de suas palavras e gestos, a violência; e a construir comunidades não-violentas, que cuidem da casa comum. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos da paz”


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