Artigos de Dom Manoel João Francisco Dom Manoel João Francisco - Bispo Emérito

Postado dia 18/10/2016 às 16:42:04

O novo Cardeal Dom Sérgio da Rocha

No domingo, nove de outubro, o Papa Francisco anunciou que, no dia dezenove de novembro, véspera do encerramento do Ano Santo da Misericórdia, irá associar ao Colégio de Cardeais treze novos membros. O Brasil foi contemplado com a escolha do Arcebispo de Brasília (DF) e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Sérgio da Rocha. Com esta nomeação passamos a contar com onze cardeais. Seis com mais de oitenta anos e cinco com menos, podendo, portanto, eleger o novo Papa, caso haja necessidade.

         A nomeação de novos cardeais é da competência exclusiva do Papa. Ninguém pode dizer ao Papa quem, quando ou como criar novos cardeais. Em seu anúncio, assim se expressou: “Com alegria, anuncio que no sábado, 19 de novembro, na véspera do fechamento da Porta Santa da Misericórdia, realizarei um Consistório para nomear treze novos cardeais, de cinco continentes. Sua proveniência, de onze nações, expressa a universalidade da Igreja que anuncia e testemunha a Boa Nova da Misericórdia de Deus em todos os cantos da terra. A inclusão dos novos cardeais na diocese de Roma manifesta também a inseparável relação existente entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares, ao redor do mundo”. Aos membros do Colégio Cardinalício, o Papa decidiu unir dois Arcebispos e um Bispo eméritos que se destacaram em seu serviço pastoral e um presbítero. Nas palavras do Papa, “eles representam muitos bispos e sacerdotes que em toda a Igreja edificam o povo de Deus, anunciando o amor misericordioso de Deus no cuidado cotidiano do rebanho do Senhor e na confissão de fé”.

         O título de cardeal não é um simples título honorífico, ou de reconhecimento e agradecimento. Os Cardeais têm responsabilidades institucionais inerentes ao título. Segundo o Código de Direito Canônico “os Cardeais da Santa Igreja Romana constituem um Colégio peculiar, ao qual compete assegurar a eleição do Romano Pontífice, de acordo com o direito especial; os Cardeais também assistem o Romano Pontífice, agindo colegialmente, quando são convocados para tratar, juntos, as questões de maior importância, ou individualmente, nos diversos ofícios que exercem, prestando ajuda ao Romano Pontífice, principalmente no cuidado cotidiano pela Igreja universal (Cân. 349).

         A palavra Cardeal se origina do termo latino “cardo” que significa a dobradiça da porta. Em sentido figurado significa a realidade em torno da qual giram outras realidades. Assim temos as virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança. São assim chamadas porque todas as outras se agrupam em torno delas (CIC 1805). Temos também os pontos cardeais: norte, sul, leste, oeste.

         Em algumas dioceses da Europa a denominação “cardeal” passou a ser usada para designar os clérigos mais importantes que auxiliavam o Bispo no governo e pastoreio da Diocese. A partir do século XI, o titulo de cardeal foi abolido em todas as dioceses, menos na diocese de Roma, que concedia o título apenas aos párocos das vinte e cinco paróquias mais importantes. Além das paróquias, Roma estava dividida em sete grandes regiões atendidas por sete diáconos. A estes também foi dado o título de cardeal. Mais tarde, o título foi estendido para os bispos das sete cidades próximas de Roma: Ostia, Albano, Frascati, Palestrina, Porto Santa Rufina, Sabina Poggio Mirteto e Veletri-Segni. Até hoje. “O Sacro Colégio se distribui em três ordens: a ordem episcopal, à qual pertencem os cardeais a quem é confiado pelo Romano Pontífice o título de uma Igreja suburbicária (diocese próxima de Roma), bem como os patriarcas orientais, incluídos no Colégio dos Cardeais, a ordem presbiteral e a ordem diaconal. Aos cardeais da ordem presbiteral e diaconal é confiado pelo Romano Pontífice um título (paróquia) ou diaconia na cidade de Roma” (Cân. 350§§ 1 e 2).

         A partir do século XII, começaram a ser nomeados Cardeais que residiam fora de Roma, com a condição de se tornarem presbíteros e diáconos da diocese de Roma ou bispos de uma das sete dioceses próximas. Os Patriarcas católicos de Rito Oriental também podem receber o título de Cardeal. No entanto, vários deles não aceitaram o título, alegando que se trata de uma instituição da diocese de Roma.

         Em 1059, o Papa Nicolau II reservou aos cardeais, a eleição do Papa que até então era feita com a participação do povo.

         O número de cardeais variou ao longo da história. Sixto V, em 1586, determinou que fossem setenta: seis cardeais bispos, cinqüenta cardeais presbíteros e catorze cardeais diáconos. Esta determinação perdurou até 1958, quando o Papa João XXIII derrogou esta determinação. Em 1975, o Papa Paulo VI voltou a estabelecer um número fixo. Hoje são cento e vinte os Cardeais com o direito de eleger o Romano Pontífice.


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