“Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação”

Há vários anos a Igreja Ortodoxa celebra no dia 1º de setembro o Dia de Oração pelo Cuidado da Criação. Numa atitude de abertura ecumênica o Papa Francisco, em carta datada no dia 06 de agosto de 2015 instituiu na mesma data o “Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação”. Inicia sua mensagem para este ano de 2016 com estas palavras: “Em união com os irmãos e irmãs ortodoxos e com a adesão de outras Igrejas e Comunidades cristãs, a Igreja católica celebra hoje o “Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação”. A ocorrência tem como objetivo oferecer a cada fiel e às comunidades a preciosa oportunidade para renovar a adesão pessoal à sua vocação de guardiães da criação, elevando a Deus o agradecimento pela obra maravilhosa que ele confiou ao nosso cuidado, invocando a sua ajuda para a proteção da criação e a sua misericórdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que vivemos”. Como gestos concretos o Papa propõe atitudes e comportamento muito simples tais como: utilização judiciosa do plástico, do papel, da eletricidade, da comida, o uso do transporte público, a partilha do mesmo veículo com várias pessoas e o não desperdício da água.

Neste mesmo clima de preocupação com a sorte de nossa irmã e mãe terra aconteceu em Londrina, de 09 a 11 deste mês de setembro o II Encontro Ecumênico do Paraná, com o tema: “Casa Comum: Cuidado e Responsabilidade. A assessora Pastora Romi Bemke e o assessor Pastor Wagner Fuchs deram uma ótima contribuição à nossa reflexão. Achamos que não devíamos ficar só para nós o que foi dito e partilhado. Por isso escrevemos uma carta aberta. Nosso desejo é estimular e fortalecer a consciência de que o cuidado com a natureza faz parte de um estilo de vida que, com urgência, precisamos adquirir.

Eis o conteúdo da carta.

Carta aberta do II Encontro Estadual de Ecumenismo

Tua justiça é como as montanhas... Tu, Senhor, preservas as pessoas e os animais”

(Sl 36,7)

Nós, cristãs e cristãos reunidas/os em Londrina/PR, entre os dias 09 e 11 de setembro de 2016, para o II Encontro Estadual de Ecumenismo que teve como tema “Casa Comum: cuidado e responsabilidade”, compartilhamos com nossas igrejas, comunidades de fé, organismos ecumênicos e todas as irmãs e irmãos de caminhada, as convicções e apelos que brotaram de nossos diálogos, vivências e partilhas.

Neste sentido, reafirmamos que:

Nossa compreensão de ecumenismo se articula em torno de um olhar evangélico e sistêmico, no qual a unidade que buscamos e que é desejo do próprio Senhor (Jo 17.21) se expressa na unidade de toda a humanidade e da Criação.

Nas raízes bíblico-teológicas de nossa fé residem os princípios da compaixão, da misericórdia, do cuidado e da empatia, que nos permitem contemplar na Casa Comum o projeto criador, redentor e santificador de nosso Deus.
Nosso empenho ecumênico tem princípios e opções claras, que orientam a agenda que assumimos, pautada no respeito e acolhida das diversidades, na defesa e promoção dos direitos humanos, na abertura ao diálogo inter-religioso, espaços estes que nos permitem testemunhar e atualizar nossa experiência de fé.
O cuidado com a Casa Comum é constitutivo do projeto de unidade que buscamos.

Estas convicções nos impelem a:

Converter e reconfigurar nossos estilos de vida e consumo, pessoal e comunitário, em vista de um testemunho mais coerente da fé, e no compromisso com o legado a ser deixado às gerações futuras;

Favorecer a incidência sócio-política em relação ao cuidado com a Casa Comum a partir de nossas igrejas, comunidades, organismos e espaços de atuação, na luta pela justiça ecossocial, pelo reconhecimento e valorização das diversidades e das minorias;
Conhecer e potencializar as iniciativas de desenvolvimento sustentável existentes em nossas realidades socioeclesiais, especialmente em nosso estado, numa postura proativa frente aos desafios e contradições com os quais nos deparamos;
Denunciar profeticamente os projetos que atentam contra a integridade e a dignidade da Casa Comum, tais como o uso indiscriminado de agrotóxicos, as fontes não sustentáveis de energia, o Fracking, a deficiência do saneamento básico público e universal, a destruição das nascentes de água e mananciais, o descarte indevido e irresponsável de resíduos.

Como nos moveu o lema de nosso encontro – O Paraná unido em oração, refletindo sobre a Casa Comum – nos dispomos a permanecer unidos/as e mobilizados/as em torno desta causa, imperativo ético, espiritual e ecológico de nossa fé e nossa ação.

Londrina, 11 de setembro de 2016.