Artigos de Dom Manoel João Francisco Dom Manoel João Francisco - Bispo Emérito

Postado dia 01/06/2016 às 16:08:48

Festa da Unidade

         Nossa Igreja tem sua identidade marcada por quatro notas. A primeira delas é a da unidade. As outras são a santidade, a catolicidade e a apostolicidade.

         No próximo domingo, em nossa Diocese de Cornélio Procópio, vamos celebrar a 11ª edição da Festa da Unidade com o objetivo de, em primeiro lugar, incentivar as pastorais, organismos, serviços e movimentos a estreitarem os laços de cooperação mútua. Em segundo lugar, aprofundar o congraçamento das vinte e cinco paróquias e dar um testemunho púbico de nossa fé e da busca de unidade desejada e pedida por Jesus.

Diante destas motivações a reflexão desta semana será sobre a unidade da Igreja.

         A Palavra de Deus, contida na Bíblia, livro sagrado dos cristãos, testemunha que a primeira comunidade em Jerusalém vivia como se fosse “um só coração e uma só alma” (At 4,32). Punha em prática, ao pé da letra, a oração que Jesus fizera às vésperas de sua Paixão: “Eu não rogo só por eles (os apóstolos), mas também por aqueles que vão crer em mim pela palavra deles. Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um: eu neles, e tu em mim, para que sejam perfeitamente unidos, e o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste como amaste a mim” (Jo 17, 20-23).

         Cada vez que celebramos a Missa, antes da Comunhão rezamos: “Senhor Jesus Cristo... não olheis os nossos pecados, mas a fé da vossa Igreja; dai-lhe, segundo vosso desejo, a paz e a unidade”. Antes da Comunhão, na Oração Eucarística, já havíamos rezado: “Concedei que, alimentando-nos com o Corpo e o Sangue do vosso Filho, sejamos repletos do Espírito Santo e nos tornemos em Cristo um só corpo e um só espírito”.

         Estas orações e pedidos expressam que a unidade da Igreja é, antes de tudo, um dom de Deus que deve ser pedido com toda a confiança.

Deus, no entanto, não quer agir sozinho. Na construção da unidade, não só permite, mas exige nosso envolvimento e participação.

A este respeito o Apóstolo Paulo é enfático. “Eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a levardes uma vida digna da vocação que recebestes: com toda a humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos outros no amor, solícitos em guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.(...). A cada um foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo. (...). A alguns ele concedeu serem apóstolos, a outros, profetas, a outros evangelistas, a outros pastores e mestres. Assim, ele capacitou os santos para a obra do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo, até chegarmos, todos juntos, à unidade na fé e no conhecimento do Filho Deus” (Ef 4,1-3.7.11-13).

Numa outra oportunidade, quando percebeu que a discórdia havia se instalado na comunidade, o Apóstolo, com certa dor, mas ao mesmo tempo, com firmeza chama a atenção dos fiéis: “Irmãos, eu vos exorto, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, a que estejais todos de acordo no que falais e não haja divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos no sentir e no pensar. Com efeito, pessoas da família de Cloé informaram-me a vosso respeito, meus irmãos, que está havendo contendas entre vós. Digo isto, porque cada um de vós fala assim: “Eu sou de Paulo”, ou: “Eu sou de Apolo”, ou: “Eu sou de Cefas”, ou: “Eu sou de Cristo”! Será que Cristo está dividido? Será Paulo quem foi crucificado por amor a vós? Ou foi em nome de Paulo que fostes batizados?” (1Co 1,10-13).

Como se pode ver destas exortações do Apóstolo Paulo, a unidade da Igreja não é uma realidade pronta. Ela deve ser constantemente conquistada através de nossa continua conversão, com vista a viver mais de acordo com Evangelho, pois é a infidelidade dos fiéis ao dom de Cristo que causa as divisões.

A unidade da Igreja acontece aqui e agora na nossa comunidade paroquial e diocesana. É fácil declarar-se solidário com todos os irmãos e irmãs da Igreja espalhada no mundo inteiro. O difícil é amar o próximo que está ao meu lado, que vive na mesma paróquia, que colabora na mesma pastoral ou participa do mesmo movimento em que eu participo. Daí, a necessidade de estarmos continuamente nos motivando para vivermos este grande ideal. A Festa da Unidade pode ser uma boa oportunidade.


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